Testemunhos QUEBRAR O SILÊNCIO
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Cláudia
26 anos Estômago, 2015, Familiar Na minha família (fora do núcleo de pais, irmãos, sobrinhos) tivemos alguns casos de cancro, sempre vistos a uma distância relativa que não nos permite imergir na vivência diária dolorosa que a doença acarreta, mas que nos faz pensar no cancro de forma diferente... não nos deixa esquecer que a vida é efémera, que a morte vive na porta ao lado.
Mas na verdade (e sem artificialismos hipócritas) a minha vida continuou, naturalmente, continuei a sorrir, a viver alegremente, a rir (e a fazer rir) à gargalhada... como sempre!
Até que recentemente a minha família foi abalada por uma nuvem negra. Dói tanto. É o meu pai. Não é um cancro qualquer.
Depois do resultado dos exames surgem como afagos da alma as mais variadas justificações mentais, porque o que estamos a ver tem mil e uma explicações patológicas compatíveis e, claro, não queremos acreditar que a verdade pode ser de facto aquilo que todas as probabilidades apontam como certo.
Os pensamentos que queremos afastar tornam-se presentes, aproximam-se, ganham força.
Os corredores do centro de saúde, do hospital, tornam-se longos e de percurso penoso quando ouvimos a "sentença". E depois seguem-se as consultas meticulosas, os exames exaustivos, as dolorosas conversas de corredor de hospital, o diagnóstico.
Não é um cancro qualquer, é O cancro, aquele que acontece na minha casa, que me bombardeia diariamente com imagens e sons que nunca conseguirei esquecer. Um cancro com raízes profundas, tão profundas quanto a dor que nos trouxe.
Começa também a metáfora das pequenas coisas, coisas essas que antes me forçava a ver relembrando que "o essencial é invisível aos olhos"... Agora estão todas aqui, cruamente expostas, as pequenas dádivas da vida. E continuamos a caminhar, não sabemos bem como, talvez porque não tenhamos outra alternativa. O caminho é em frente.
Somos formatados para aguentarmos tudo pelas pessoas que amamos, se já o sabia agora tenho a certeza. A resiliência é posta à prova diariamente e a cada dia a tolerância à dor aumenta e com ela uma força que nem num milhão de anos imaginamos ter. Uma força que vem do âmago do nosso ser, acompanhada por uma sensibilidade extrema que, estranhamente, também nos fortalece.
Dias melhores virão e piores também. Mas a seu tempo somos impregnados por uma calma mecânica, um sentido de missão que nos ajuda a superar os maiores obstáculos. É, somente, a força de um amor maior do que tudo. Este amor que em situações limite desponta de todos os poros, emerge-nos da dor, imerge-nos na esperança, todos os dias.
Mas na verdade (e sem artificialismos hipócritas) a minha vida continuou, naturalmente, continuei a sorrir, a viver alegremente, a rir (e a fazer rir) à gargalhada... como sempre!
Até que recentemente a minha família foi abalada por uma nuvem negra. Dói tanto. É o meu pai. Não é um cancro qualquer.
Depois do resultado dos exames surgem como afagos da alma as mais variadas justificações mentais, porque o que estamos a ver tem mil e uma explicações patológicas compatíveis e, claro, não queremos acreditar que a verdade pode ser de facto aquilo que todas as probabilidades apontam como certo.
Os pensamentos que queremos afastar tornam-se presentes, aproximam-se, ganham força.
Os corredores do centro de saúde, do hospital, tornam-se longos e de percurso penoso quando ouvimos a "sentença". E depois seguem-se as consultas meticulosas, os exames exaustivos, as dolorosas conversas de corredor de hospital, o diagnóstico.
Não é um cancro qualquer, é O cancro, aquele que acontece na minha casa, que me bombardeia diariamente com imagens e sons que nunca conseguirei esquecer. Um cancro com raízes profundas, tão profundas quanto a dor que nos trouxe.
Começa também a metáfora das pequenas coisas, coisas essas que antes me forçava a ver relembrando que "o essencial é invisível aos olhos"... Agora estão todas aqui, cruamente expostas, as pequenas dádivas da vida. E continuamos a caminhar, não sabemos bem como, talvez porque não tenhamos outra alternativa. O caminho é em frente.
Somos formatados para aguentarmos tudo pelas pessoas que amamos, se já o sabia agora tenho a certeza. A resiliência é posta à prova diariamente e a cada dia a tolerância à dor aumenta e com ela uma força que nem num milhão de anos imaginamos ter. Uma força que vem do âmago do nosso ser, acompanhada por uma sensibilidade extrema que, estranhamente, também nos fortalece.
Dias melhores virão e piores também. Mas a seu tempo somos impregnados por uma calma mecânica, um sentido de missão que nos ajuda a superar os maiores obstáculos. É, somente, a força de um amor maior do que tudo. Este amor que em situações limite desponta de todos os poros, emerge-nos da dor, imerge-nos na esperança, todos os dias.
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