Testemunhos QUEBRAR O SILÊNCIO
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Letícia Cruz
28 anos Pulmão, 2012, Familiar Há 8 meses atrás o meu pai foi ao hospital porque se sentia fraco, e apenas o fez por insistência minha e da minha família, ele nunca tinha estado doente. Um dia passado nas urgências, exames atrás de exames e, com o cair da noite, veio a suspeita do diagnóstico de cancro. Foi muito duro, fiquei sem reação, não queria acreditar. Após o internamento e exames mais específicos confirmou-se o diagnóstico “cancro no pulmão” já com metástases no cérebro. O meu mundo desabou, tenho formação em Psicologia mas nesta altura tudo que aprendi deixou de fazer sentido porque era o meu pai que estava ali, não era uma personagem de um dos livros que li, não era um simples conhecido, era o meu pai, isto estava mesmo a acontecer à minha família, não acontece só aos outros como por vezes pensamos de forma egoísta... Como pessoa informada que sou e porque li muito sobre este assunto, mesmo antes de isto acontecer para mim foi assustador, o médico já no IPO avaliou o tumor de grau 4 (o mais avançado). O meu pai sempre fumou, isto era uma consequência disso, tive medo, muito medo de perder o meu pai, foi a primeira coisa que me passou pela cabeça: “quanto tempo mais terei para estar com ele?”. Entre idas ao IPO para consultas, exames e tratamentos, conheci gente fantástica, de salientar os voluntários da Liga Portuguesa Contra o Cancro, que sempre com um sorriso nos recebem e tornam aquela instituição menos “pesada”. O meu pai fez radioterapia cerebral durante 2 semanas seguidas e depois fez 6 ciclos de quimioterapia de 3 em 3 semanas e, apesar de tudo, sempre se manteve forte mas eu, no fundo, continuava a ter medo que alguma coisa falhasse, tinha pânico de não chegar ao fim desta batalha... Hoje, ao fim de 8 meses, estou aqui para testemunhar que o meu pai foi um guerreiro, ontem na consulta do IPO a médica deu-nos boas notícias, o diâmetro dos tumores diminuiu com os tratamentos e valeu a pena todo este caminho percorrido. Agora é uma pessoa “normal” que tem apenas de ser vigiado de 3 em 3 meses... O meu pai foi e continua a ser um lutador, eu caminhei ao lado dele neste difícil trajeto, vi muita coisa no IPO que “abanou os meus alicerces” como pessoa, mas vale sempre a pena lutar, há sempre esperança enquanto tivermos fé... Eu desanimei, mas a vida não é só madrasta e por vezes prova-nos que é também uma boa mãe... muita força e coragem para todos que enfrentam estas batalhas da vida.
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